Entro no banheiro.
Tiro minhas roupas como quem quer tirar o diabo do corpo.
Abro o chuveiro e sinto a água gelada percorrer todo o meu corpo.
Choro.
Choro e rezo para que meu rosto não saiba distinguir a água salgada que sai dos meu olhos da água doce que cai do chuveiro.
Me ensabôo e esfrego a esponja no meu corpo como se quisesse tirar dele as marcas do meu passado e as sujeiras do meu presente!
Leio as embalagens dos shampoos e condicionadores tentando ali encontrar alguma pista do meu destino, do meu próximo dia.
Me enxáguo implorando pela ultima vez que as águas levem junto para o ralo todas as minhas tristezas e incertezas.
Fecho o chuveiro, me enrolo na toalha, me enxugo, enxugo meus olhos e olho no espelho.
Por fim, não saio com a alma lavada (como eu tanto queria), e sim com a alma seca, como um rio que seca e nunca mais recupera sua umidez.
Assim como ele eu perdi minha água interior, que me regava a alma.
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